quarta-feira, 4 de maio de 2016





AICEB: Uma História de Amor.
(Livro em construção) - CONTINUAÇÃO ...


1. RAÍZES

1.5  Vida e Obra de Myrddin Thomas 

Por Eva Mills 
(Do Livro "Em Lugar do Espinheiro" - Usado com autorização pela MICEB)

"Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo" (2 Co 2:15).


Havia já alguns meses que Myrddin Thomas e sua família estavam morando no interior do Maranhão, trabalhando como evangelista. Para conquistar a confiança do povo de Pedreiras, uma cidadezinha ribeirinha que em 1940 estava se desenvolvendo rapidamente, ele lançou mão de seus conhecimentos de medicina caseira. Não havia médico na região, e dessa maneira Myrddin Tomaz estava sempre ocupado visitando os doentes, tratando aqueles que padeciam de malária e outras febres, ensinando aos pais como cuidar de seus filhos e dando conselhos médicos sempre que podia ser útil.
Frequentemente andava de casa em casa, dentro e fora da cidade, montado em um burro, para poupar tempo e energias. Em todo lugar ele encontrava oportunidade para testemunhar de Cristo. Ao voltar à tardinha, Myrddin Tomaz mandava o jovem empregado tratar do burro, banhando-o, dando-lhe milho, e deixando-o passar a noite junto com os animais da vizinhança um pouco fora do povoado. Cada animal usava um chocalho e ficava peado com maniotas para não se distanciar muito. Assim era mais fácil achar os animais na madrugada. O empregado de Tomaz era fiel, estava satisfeito com seu trabalho e respeitava o evangelista.
Entretanto, o homem mais influente da cidade não era crente. Na verdade, não via com bons olhos a presença de Myrddin Tomaz na cidade, embora reconhecesse que seu trabalho com os doentes era muito apreciado e que, em geral, ele era muito querido pelo povo.
Pedreiras, situada às margens do rio Mearim, não podia se orgulhar de possuir ruas calçadas, mas algumas casas, na rua que dava de frente para o rio, eram construídas com decorativos tijolos coloridos. Aqui e ali, ao longo dessa rua, grupos de comerciantes se reuniam em frente de lojas ou de suas casas discutindo os acontecimentos mais recentes. O rico comerciante que não simpatizava com Myrddin Tomaz era um desses, e assim todos estavam cientes de sua atitude para com Myrddin Tomaz. O próprio evangelista estava a par disto, e muito lamentava a antipatia deste homem, cuja amizade tanto desejava conquistar.
Certa tarde, o burro de Myrddin Tomaz invadiu o pasto do rico comerciante por uma abertura na cerca. Quando foi encontrado na manhã seguinte, o burro foi severamente castigado a mando do comerciante para demonstrar o desagrado que sentia por Myrddin Tomaz. E agora, o que faria Tomaz? Esta era a pergunta que todos faziam ali, inclusive os homens reunidos na rua do rio. O povo esperava atentamente para ver qual seria a atitude tomada pelo homem a quem tinham aprendido a amar.
Eles o observaram indo de casa em casa, tratando dos doentes, ajudando os necessitados, levando-lhes palavras reconfortantes que tirava da Bíblia que sempre levava consigo. Eles se maravilhavam ao ver sua atitude, pois não tocava no assunto do burro, mas limitava-se a falar sobre os remédios que poderiam ajudar os doentes. Ao chegar em casa, cansado do dia trabalhoso, ele tratava os ferimentos no lombo, cabeça e pernas do seu burro. Com descanso e muito cuidado o burro começou a se recuperar vagarosamente.
Por muitos dias Tomaz não podia usá-lo em suas viagens, mas apesar de toda a inconveniência ele não disse sequer uma palavra de queixa contra o rico comerciante. O acontecido tinha sido uma dura provação para Myrddin Tomaz, mas ele encontrou sabedoria e orientação no Senhor para enfrentar aquele homem, que descarregara seus sentimentos sobre o animal. Quando Myrddin Tomaz voltou a montar seu burro, agora apenas mostrando cicatrizes, o povo saía à rua para cumprimentá-lo, admirado de sua paciência. Mas o descontentamento do rico comerciante em relação a Tomaz ainda era bastante evidente.
Tomaz orava constantemente pedindo a ajuda de Deus, pois sabia que se fosse deixado só, reagiria com violência, como costumava fazer antigamente, antes de ter conhecido a graça de Deus. Versículos bíblicos tais como: "Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará aquele que te guarda" (Salmo 121:3), tornou-se para ele duplamente preciosos nesta hora de tentação. Myrddin Tomaz e a pequena congregação de crentes logo viram a resposta de Deus às suas preces na hora da provação.
Naqueles dias o rico comerciante ficou doente com febre alta. Ele precisava de ajuda, mas se recusava mandar buscar a ajuda de Myrddin Tomaz. Ele estava muito envergonhado pelo que havia feito. Dia após dia sua família e seus amigos insistiam para que se consultasse com Myrddin Tomaz, mas ele continuou recusando. A febre, no entanto não cedia, pelo contrário se tornou uma ameaça para sua vida. Finalmente concordou e Myrddin Tomaz foi chamado com urgência para ir ajudar o comerciante enfermo. Ele se se apressou a ir até lá, montado, é claro, no mesmo burro que já havia se recuperado da surra. Confiado no Deus que o protege entrou na casa do comerciante com sorriso nos lábios, conversou com o homem doente, medicou-o e ficou em dedicada vigilância ao seu lado até que este superasse a crise. Myrddin Tomaz nunca mencionara o burro. Sua dedicação e cuidado para o comerciante enfermo conquistou a admiração de toda a cidade, e era o tópico mais importante nas rodas de prosa daquela cidade e de outras circunvizinhas. A fragrância da vida espiritual daquele servo de Deus se espalhou, venceu a oposição que se formara em Pedreiras e foi a causa para que muitos aceitassem a mensagem do Evangelho.
Comerciantes de Pedreiras chegaram a Codó, cidadezinha uns setenta quilômetros ao leste, e enquanto esperavam a chegada do trem vindo de São Luís estavam almoçando e conversando animadamente ao redor duma mesa estreita e comprida. Era um restaurante dedicado a servir comerciantes e outros viajantes no estilo do interior. Em 1940 Codó não podia se orgulhar de possuir jornal publicado localmente. Os comerciantes conversando ao redor da mesa estavam esperando o periódico de São Luís que o trem trazia semanalmente. Lá fora, através da rua sem calçamento, chegou vagarosamente o comboio de via férrea puxado por locomotiva à lenha. Os passageiros, principalmente comerciantes de Coroatá e São Luis apressaram-se a chegar ao restaurante, onde pratos cheios de arroz com carne e feijão esperavam os esfomeados, que podiam se satisfazer com abundância.
Enquanto os recém-chegados enchiam seus pratos com a comida bem temperada. Um dos comerciantes de Pedreiras, que tinha acabado de comer antes do trem chegar, estava dando as últimas noticias de sua cidadezinha natal. Ele estava explicando que atualmente Pedreiras era uma cidade progressista, com muito movimento, o que atraiu muitos a curiosidade dos ouvintes.
Eva Mills, passageira deste trem, sabendo que havia apenas uns trinta minutos de demora antes da partida do trem para Caxias, para onde iam, saiu do trem calorento e foi procurar um lugar na mesa de comida. O único lugar que achou ficou defronte do comerciante que contava as novidades de Pedreiras, inclusive o interessante incidente de Myrddin Tomaz e o comerciante rico. Myrddin Thomas era seu colega de ministério e pertenciam a mesma missão, a Unevangelized Fields Mission (UFM).
Depois do almoço voltou ao trem, dando graças a Deus pelo que tinha ouvido sobre a atitude cristã do meu colega e especialmente, por saber que o povo de Pedreiras, inclusive o comerciante que fez tanta oposição, estava agora acolhendo o servo de Deus. Certamente a fragrância de sua vida no serviço de Cristo espalhava-se, como uma bênção, por todo o interior. "Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo" (2 Co 2:15).



[1] Cópia do Livro “Em Lugar do Espinheiro” pg. 30-33, de Eva Mills, autorizada pela MICEB

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