sexta-feira, 29 de abril de 2016

AICEB: Uma História de Amor.

(Livro em construção)


CONTINUAÇÃO ...

1.2 Vida e Obras de Perrim Smith



“O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus. (Fp 4:19)”

Ele era ainda muito jovem quando seu pai, John Smith, fa­leceu deixando apenas uma viúva, três filhos e como herança, mui­tas dividas. Sendo Perrin o filho mais velho, teria que assumir total responsabilidade sobre sua família. E como tinha grande facilidade com os negócios logo liquidou a dívida e melhorou a situação da fazenda comprando gado de raça e outros animais. Também fez outros valiosos benefícios. 
Mesmo sendo o responsável direto pela família e bens, tinha outro ideal e aos poucos foi preparan­do o irmão Dugal para assumir seu lugar, pois pretendia sair do Canadá e ir para a América do Sul, mais especificamente Argentina, onde a irmã e o cunhado viviam como missionários. Chegou lá em 1903 e pretendia seguir o mesmo caminho, pois estava convicto das necessidades espirituais daquele povo. Estudando a vastidão do Continente Sul Americano, percebeu que os três não deveriam ficar no mesmo lugar, mas que procurassem uma maneira de tentar cobrir toda área carente. 
Ele optou pelo Brasil. Após percorrer boa par­te dele chegou a São Luís - Ma. Ao ouvir sobre a maneira como satanás escravizava o povo do interior do Estado através da idolatria feitiçaria e superstições, não teve dúvidas de que as trevas ali eram densas e que precisava urgente da luz do Evangelho. E, certo do chamado divino, partiu para o interior do Maranhão como missionário.

Campo Missionário
O fim da viagem, numa lancha, foi numa pequena cidade chamada Grajaú. Alugou uma casinha de palha e para pagar o aluguel trabalhava como fotógrafo. Enquanto ia a busca do próprio sustento, aprendia o português e apresentava Cristo como Salvador às pessoas. Logo começou a ver os frutos do trabalho, pois alguns aceitaram a mensagem. 
Sentindo a necessidade de passar mais tempo com os novos decididos para ensinar-lhes sobre a Bíblia e a comunhão entre irmãos, alugou um salão que servia de templo. Mas, não se limitou ao trabalho na cidade. Sempre que podia viajava para o interior levando a mensagem do evangelho.
Por ser um homem sozinho, passava muitas privações e não se alimentava bem. Isto o estava enfraquecendo, pois a labuta era grande. Levou aquela necessidade diante de Deus que logo respondeu mostrando-lhe uma moça, fruto de seu trabalho evangelístico, que seria sua companheira. Ana Tavares de Bastos também não tinha dúvidas de que Perrin era o homem escolhido por Deus para seu esposo. Smith agora tinha alguém com quem dividir suas alegrias, problemas, vitórias, como também uma auxiliadora tanto no lar como nas viagens evangelísticas.
Sempre que chegava a um interior encontrava alguém disposto a lhes oferecer a casa como hospedagem e também como ponto de pregação, mesmo não sabendo do que se tratava. A noite montavam o velho órgão de fole que sempre carregavam. Cantando e tocando atraiam a atenção dos moradores. E quando já havia um bom número de ouvintes curio­sos ele lia a Bíblia e apresentava o Caminho da Salvação. Muitos foram salvos e ali mesmo o Sr. Smith formava um núcleo de oração e estudo da Palavra, livro até então desconhecido.
Durante as viagens receberam do Senhor a primeira filha Any, que veio aumentar a responsabilidade do casal, mas também proporcionar grande alegria, pois era uma bênção do Senhor. Eles não tinham um lar fixo. A maior preocupação era cobrir o máximo possível de lugares com a pregação do evangelho. Estavam constantemente sob o sol equatorial, ou sob chuvas torrenciais; expostos a noites frias, úmidas e mal protegidos a mercê das doenças que eram perigosas para adultos e fatais para crianças.
Foi nestas circunstâncias que Any, com apenas dois anos de idade, na Cidade de Imperatriz, contraiu malária que em pouco tempo a levou para o seio do Senhor. Aquilo trouxe grande tristeza aos pais. Muitos estavam interessados e curiosos para ver como se processava o enterro de uma filha de missionário crente, bem como o comportamento dos pais. Perrin, confortado pelo Senhor, soube superar o momento e, mesmo chorando interiormente, realizou dois cultos, um ainda em casa incluindo cânticos e pregação da Palavra e o outro já no cemitério onde fez outra leitura e oração. 
Não se controlando mais, enquanto descia o pequeno caixão a cova, também descia de seus olhos as lágrimas de um pai que acabara de perder a única filha. Mas, logo se conformou com a promessa divina de que um dia todos estariam juntos na glória e que melhor é estar presente com o Senhor (II Co. 5:3). Isto não os fez desanimar da obra missionária. Certamente teriam outros filhos e seriam responsáveis por eles.
De volta de suas férias no Canadá, Perrin e Ana Smith pediram a direção de Deus e sentiram que Barra do Corda era o lugar para onde Ele os estava enviando. Ao chegarem lá foram bem recebidos por todos os crentes frutos do trabalho de João Batista.
Ali Perrin escolheu um lugar afastado da Cidade porque queria criar os filhos sem a influência maléfica daquele povo tão idólatra e feiticeiro. Com o pouco dinheiro que restava comprou uma área de terra e construiu uma casinha coberta de palha. Adquiriram a primeira vaquinha a fim do terem o leite para alimentar a família.

Recompensas pela Fidelidade
Após alguns anos de fidelidade ao Senhor e perseverança no trabalho, começaram a ver as recompensas. Milagrosamente seu gado, aves e outros animais aumentavam. Também, na plantação foram abençoados e com o produto podariam suprir as necessidades de Barra do Corda com uma população de mais ou menos quatro mil habitantes. Aquela humilde casa coberta de palha agora se transformou numa ca­sa grande onde todos poderiam viver bem acomodados e livres de perigosos bichos que vez por outra invadiam a rústica residência.
Deus os havia provado dando-lhes cinco filhos e levando-os para Si. Agora, também, pela fidelidade de aceitar tudo como soberana vontade de Deus, receberam do Senhor mais oito filhos. Deram àquele lugar o nome de Vila Canadá. Ainda hoje existe esta Vila em Barra do Corda e nela funciona as Instalações do INCRA. A Casa Grande é hoje um museu dos Smith.
Apesar de alguns cordinos não admirarem a “nova religião” que Smith pregava, eles o admiravam muito, pois o tinham como bom amigo, homem responsável e alguém que, com o produto de sua fazenda, supria suas necessidades materiais.
Muitas vezes ao pregar o evangelho nas reuniões normais num salão no centro da Cidade, era atacado por pedradas vindas de pessoas inimigas, mas Deus sempre o protegeu e nunca foi atingido por elas. Durante os batismos realizados no Rio Corda, desordeiros o ameaçavam com armas. Ele parava, orava ao Senhor e pela Sua intervenção tudo ficava calmo e então podia realizar o batismo a vis­ta de todos. Outros, como pessoas influentes e autoridades da Cida­de, não encontrando nele algo que o incriminasse, lançavam-lhes acusações fortes. Uma vez sequestraram um de seus funcionários que estava sendo cuidado em casa por D. Ana. 
Ele havia sido ferindo no pé com um instrumento de lavoura. Os sequestradores acusaram os Smith de terem assassinado e jogado o corpo do funcionário no rio. Não tendo como provar sua inocência, Smith foi recolhido ao cárcere como assassino. Isto provocou grande tumulto em Barra do Corda e muitos afluíram para a cadeia local, onde ele estava preso. A população pedia às autoridades que o libertassem. Ali mesmo em meio a tais circunstâncias o Sr. Smith apareceu na janela da cela e, como nunca vira tanta gente junta aproveitou para apresentar Cristo a todos. Coisa que seria impossível acontecer numa reunião normal, pois eles jamais iriam a um culto. 
Quando terminou o sermão, tendo pregado para quase toda Barra do Corda de uma só vez, verificou que as portas da prisão estavam abertas e ele foi liberto. Como resultado daquela diabólica trama o Delegado perdeu o posto e o prestígio de Smith aumentava cada vez mais. Depois de algum tempo soube notícia de que aquele funcionário estava vivo e sendo tratado em outra cidade. Mas, nunca soube como ele, não podendo andar, chegou até ali.
Mas, nada disso fez com que esse servo do Senhor se calasse. Quando saiu de Barra do Corda para morar em São Luís e depois em Belo horizonte, deixou muitas pessoas salvas e Congregações organizadas. Nunca tomou para si a glória, pelo contrário a deu para quem de fato era dono, Deus. E quando alguém lhe perguntava pelo número de convertidos e Congregações deixadas durante os 50 anos de ministério no Brasil ele simplesmente respondia: ”Não sei. É Deus quem guarda os livros de registros”.

A Despedida do Servo
No dia 16 de março de 1955, antes de completar 80 anos de idade, com passagem aérea para São Paulo onde deveria participar de uma Conferência Bíblica, o Senhor o chamou para Si. Ele se foi, mas deixou um grande exemplo de alguém que, sem sustento financeiro, enfrentou todos os perigos de um país distante e diferente do seu. Fez isto por amor aos perdidos e obediência à ordem de Deus, crendo que Deus supriria todas as necessidades. E Deus supriu, não só as suas, mas de muitos que o cercavam.
Apesar de todos os sofrimentos e perseguições, ele não considerou nada como ruim, pelo contrário, dava graças a Deus por ser achado digno de sofrer pela causa de Cristo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário