AMORES
CONCORRENTES:
ou ama o que
Deus ama, ou ama o que Deus abomina
Wohglaides
Lobão Mendes[1]
Resumo
O presente artigo versa sobre a idolatria
praticada no seio da igreja evangélica não através de ídolos feitos por mãos
humanas, mas através de comportamentos pecaminosos que prejudicam o
relacionamento entre irmãos. São amores concorrentes que o salvo precisa
definir a quem amar. Se ama o que Deus ama, ou ama o que Deus abomina. Este
artigo, também pretende mostrar como a prática de “amores” descritos em
Provérbios 6.16-19 tem prejudicado o desenvolvimento espiritual da igreja. Será
concluído mostrando que há práticas idólatras no seio da igreja através desses
maus comportamentos que são difíceis de serem destruídos, principalmente porque
a igreja dá muita ênfase em falar e punir apenas os pecados ligados às questões
sexuais, tolerando o orgulho, a mentira, o ódio, a falsidade, a maledicência e
muitos outros como um comportamento normal.
Palavras-chave: idolatria na igreja, amores concorrentes,
desenvolvimento espiritual.
1 Introdução
O
Antigo Testamento se refere a ídolos como sendo algo feito por mãos humanas (Sl 115.4). E em Êxodo 20.4, Deus ordena: “Não farás para ti
nenhum ídolo”. No Novo Testamento Paulo fortalece essa ideia
e, em 1 Coríntios 10, fala da vida dissoluta provocada pela idolatria de Israel
diante do bezerro de ouro. Fala também das consequências advindas daquele
comportamento. Então adverte aos cristãos para não caírem no mesmo erro.
O que é idolatria? Idolatria não é só se curvar
diante de uma imagem feita à semelhança de um elemento da criação de Deus. A
idolatria também pode ser prestada diante de pessoas, coisas, sentimentos que
têm provocado a dependência, o amor excessivo ou confiança exagerada em
relação a esse ídolo.
Quais
as causas da idolatria? “A idolatria
está ligada ao amor – meu amor por Deus, por outros e pelo mundo” (FITZPATRICK,
2017, p.16). Ou a pessoa ama o que Deus ama e se mantem pura de qualquer
adultério espiritual provocado pela traição a Deus, ou ela ama o que Deus
abomina.
Nos
dias atuais o que se percebe é que há um grande número de crentes que têm
dificuldades para fazer diferença entre amar o que Deus ama ou amar o que Deus
abomina. Em grande parte, isso se deve ao fato de que a igreja não tem falado a
respeito desses assuntos. Antes, dá muita ênfase aos pecados sexuais. Com isso
ela permite que outros pecados sejam tolerados na congregação, como por exemplo
os descritos em Provérbios 6.16-19.
Como
a prática dos “amores” descritos em Provérbios 6.16-19 tem prejudicado o
desenvolvimento espiritual da igreja? Se há,
constantemente, a prática desses pecados na vida da igreja, o amor de Deus não
pode ali ser demonstrado, pois Deus aborrece e abomina tais pecados, então há
prejuízo espiritual.
O
que se pretende mostrar neste trabalho é que há práticas idólatras no seio da
igreja que são difíceis de serem destruídas. Esclarecer sobre cada pecado
descrito neste texto e apresentar os prejuízos que causam essas práticas na
igreja do Senhor. Para tanto será
conceituado o termo idolatria; apresentar as causas da idolatria; mostrar como
identificar os próprios ídolos; tomar como base Provérbios 6.16-19 para mostrar
alguns amores concorrentes.
2 Conceituando
Idolatria
Disse Deus: “Não terás outros deuses além de
mim” (Êx 20.3). E “quando nos desviamos, ainda que minimamente, dessa norma,
estamos criando outros deuses para nós e tiramos Deus do seu devido lugar”
(BEALE, 2014, p.19). E isto é idolatria. A Wikipedia define ídolo como sendo “um objeto de
adoração que representa materialmente uma entidade espiritual ou divina, e frequentemente é associado a ele poderes sobrenaturais”.
Idolatria é um culto que se presta a um
ídolo, seja ele qual for. É dependência, amor extremoso e confiança em relação
a esse ídolo. Roger Willians (2004, p.18), diz que “somos adoradores por
natureza. Se não adoramos nosso criador, adoramos alguém ou algo que ele
criou”.
Jeremias
10.3-5, descreve a confecção de um ídolo desde a escolha do material pelo seu
fabricante até a demonstração de sua dependência da ação do homem para se
manter em pé. Mas, enganado pelo diabo que lhe cega o entendimento, “há quem
confie em ídolos porque crê que resultará em algum benefício, e teme o que
poderá acontecer se não o fizer” (FITZPATRICK, 2017, p.130).
Mas,
idolatria não é apenas adorar deuses feitos por mãos humanas. Existem outros
deuses que são perniciosos e escravizam o homem tanto quanto os acima
descritos. G. K. Beale (2014, p.16), citando Martinho Lutero conceitua
idolatria como sendo “Tudo aquilo a que o seu coração se apega e se entrega com
fé, isso é seu deus”.
Timothy
Keller define ídolo como sendo “Qualquer coisa mais importante que Deus para
você, que domine seu coração e sua imaginação mais do que a Deus. Qualquer
coisa que você busque a fim de receber o que só Deus pode dar”. Pode ser
qualquer coisa ou pessoa tais como familiares, bens, trabalho, status social,
relacionamentos, reconhecimento, sucesso ministerial cristão, entre outros.
Idolatria
é, portanto, tudo o que o coração se apega exageradamente, de forma fanática
(daí o termo fã). Idolatria é tudo o que exige fidelidade, é tudo o que o homem
adora, ama extremosamente diferente e em lugar do Deus verdadeiro. Por essa
razão e sendo ele um “Deus zeloso” (Êx 20.5) é que ele não tolera a
infidelidade.
Quando o homem adora outras coisas ou
seres ele está sendo idólatra, consequentemente, sendo infiel a Deus. “Se o
foco do nosso deleite estiver em qualquer outra coisa que não seja Deus, o
objeto em que estamos focando é provavelmente um ídolo” (PRIOLO, 2016, 226).
3 Causas
da Idolatria
À medida em que aumenta a confiança no
coração do homem em relação à Deus, a necessidade de ter outros deuses em seu
coração diminui. A idolatria nasce no coração do homem por causa de sua falta
de gratidão e confiança em Deus e transfere isso para as coisas ou pessoas
indevidas.
Elyse Fitzpatrick (2017, p.112), apresenta
duas causas importantes deste desvio de gratidão e confiança. Ela diz que a
“Ignorância da vontade de Deus e engano a respeito da natureza de Deus são duas
importantes causas de idolatria”. Quem é Deus? Qual sua vontade? Se não houver
a compreensão de quem Deus é e qual o desejo do Seu coração, ou se tiver uma
compreensão equivocada sobre estas duas perguntas, o homem terá mais chance de
fabricar os seus próprios ídolos.
O conhecimento da Palavra de Deus é “sine
qua non” para uma compreensão correta sobre Deus e sua vontade. Em relação
a esse tema Deus se apresenta e diz quem é: “Eu sou o SENHOR, o teu Deus”. E
também, mostra qual sua vontade: “Não terás outros deuses além de mim. Não
farás para ti nenhum ídolo” (Êx 20.2-4).
E para que haja uma compreensão correta é
necessário a ajuda do Espírito Santo que “vos guiará em toda a verdade” (Jo
16.13). Necessita também de um estudo da Palavra regado a oração, pois Cristo
mesmo disse: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo15.5). É Deus quem abre o
entendimento do homem para compreender Sua Palavra, e através dela Ele se
apresenta. Deus também abre o entendimento para que o homem compreenda “qual
seja a boa, perfeita e agradável vontade” (Rm 12.2), para sua vida.
Na Bíblia tem ensinamentos necessários a
respeito de quem é Deus e qual sua vontade para Seu povo. Somente quando o
homem começar a ver Deus como Ele é e qual Sua vontade para sua vida ele será capaz
de abandonar a idolatria, seja ela qual for, e começar a amar e cultuar somente
ao Deus verdadeiro. A vontade de Deus para o Seu povo “é que nossas vidas sejam
moldadas por nossa adoração a Ele e nada mais” (TRIP, 2009, 154).
KELLER, (2018, p.175), apud Agostinho,
falando sobre uma das causas da idolatria diz que “pecados são cometidos
quando, graças a uma ladainha imoderada em favor [...] dos bens menores,
abandonamos o melhor e mais elevado bem que és tu, ó Senhor, nosso Deus e tua
verdade e lei”.
4 Como Identificar os próprios
Ídolos
A nação evangélica critica algumas religiões
por serem idólatras, que confeccionam imagens, com as próprias mãos, com vários
materiais diferentes e as adoram como seus deuses, na esperança de que eles
satisfaçam suas necessidades, lhes proporcione prazer e felicidade, e lhes
protejam. São ídolos que nasceram antes em suas mentes e necessidade de contato
com o sagrado. FITZPATRICH (2017, p.127) diz que “Na realidade, antes de ser
transformada em ídolo, a coisa foi fabricada no entendimento humano, na
imaginação do idólatra [...]. O espírito humano gera a imagem idólatra; suas
mãos a produzem”.
Mas,
apesar de se dizerem não idólatras, muitos dos pertencentes à nação evangélica,
criam seus deuses em suas mentes e acabam adorando-os. São deuses que eles
esperam, lhes proporcionar alegria, felicidade, prazer, entre outros
sentimentos. São ídolos difíceis de serem abandonados por que a falta deles
pode causar a sensação de que não podem viver sem eles. Há uma paixão pelos
seus ídolos que, normalmente, obscurece sua paixão por Deus. Há um amor maior
pelos seus ídolos em detrimento do seu amor por Deus. KELLER (2018, p.174), diz
que a idolatria “é a existência de algo que você sente que precisa ter a
fim de ser feliz, algo mais importante para o seu coração do que o próprio
Deus”.
Esses ídolos podem ser marido, esposa,
filhos, carros, casa, saldo bancário, trabalho, joias, roupas, sapatos, fama,
sucesso, aprovação de homens, reputação, poder sobre outros, ou tudo isso junto
para auto glorificação. Podem ser ainda, grandes personalidades no meio
evangélico, ou sua denominação, ou ainda, sua crença sobre alguma vertente
teológica. KELLER (2018, p.141) diz que
A idolatria opera, em ampla escala, dentro das
comunidades religiosas quando a verdade doutrinária é elevada à posição de um
deus falso. Isso ocorre quando as pessoas depositam confiança na exatidão da
própria doutrina para sua aceitação diante de Deus, e não no próprio Deus e em
sua graça. É um erro sutil, mas fatal. [...] a confiança que depositam na
exatidão das próprias convicções faz com que se sintam superiores.
Um outro ídolo que aparece muito no meio
eclesiástico pode ser um ministério que alguém desenvolvem na igreja. Pessoas transformam
seus dons espirituais e sucesso ministerial em deuses intocáveis. Essas
atitudes ocupam o lugar de Deus em suas mentes e vidas. E isso é idolatria
tanto quanto se prostrar em frente a um ídolo fabricado por mãos humanas. “O
coração humano é mesmo uma fábrica de produção em série de ídolos” (KELLER,
2018, p.164). E isto é amar mais o que Deus odeia do que amar mais o que Ele
ama.
Como todo ídolo começa no pensamento,
alimentado pelo desejo de satisfação pessoal, é no pensamento que ele deve ser
destruído antes que se materialize de alguma forma. Paulo diz para os filipenses
(4.8) ocuparem seus pensamentos com o que é certo. Ter
pensamentos ocupados com “coisas que são de cima, onde Cristo vive” (Cl 3.1), é
a estratégia certa para a não fabricação de ídolos. FITZPATRICH (2017,
p.128), diz que “Precisamos aprender a deixar de lado os deuses de nossa
imaginação, deuses que prometem felicidade em troca de nossa adoração”.
A
pergunta orientadora para se identificar os próprios ídolos é: posso viver sem
isso e ainda ser feliz? Ou, o que eu estaria disposto a fazer, mas que
desagrada a Deus, para conseguir o que quero?
PRIOLO (2016, p.228) diz que “O teste mais rápido de desejos idólatras é sobre
quão disposto eu estou a pecar contra Deus para conseguir o que quero (ou o que
faço quando sou impedido a tê-lo)”. Está disposto a amar mais o que Deus odeia,
do que amar o que Deus ama? Esse é um amor concorrente.
“Desde a Queda, o desejo fundamental da
humanidade passou a ser o de glorificar a si mesma e ter prazer em si mesma, ao
fazer aquilo que supostamente lhe trará felicidade” (FITZPATRICK, 2017, p.152).
E isso não tem isentado o povo de Deus. Razão porque muitos têm falhado em sua
vida cristã por seguirem deuses falsos escolhendo amar o que Deus odeia, em vez
de demonstrar seu amor para com Deus através da obediência as instruções
prescritas em Sua Palavra.
A vida do salvo em Cristo tem sido uma
constante luta entre fazer o que agrada a Deus e os apelos da carne que quer
ser satisfeita em sua necessidade de fazer o que for necessário para
experimentar momentos de auto glorificação. E muitas vezes, por conta dos
desejos ilícitos que obscurecem a sua mente e o coração, acaba por fazer a
escolha errada e dar vitória para tais desejos.
PRIOLO (2016, p.226) diz mais que “A voz do coração é muitas vezes
camuflada por seus próprios desejos ilícitos”. Por isso a necessidade de se
manter “cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo” (2
Co 10.5). Com isso não haverá dúvidas quanto a escolher amar o que Deus ama.
5 Amores Concorrentes: ou ama o que Deus ama ou ama o que
Deus abomina
Em
Provérbios 6.16-19 o Sábio mostra sete comportamentos errados adotados por
muitos salvos como se fossem práticas normais em sua vida. Estas práticas
servem aos intentos perversos do diabo de leva-los à desobediência a Deus de
tal forma a provocar discórdias e até destruição da comunhão cristã entre
irmãos. Deus aborrece seis e abomina o sétimo destes pecados. É isso o que Deus
sente quando seus filhos se rendem diante deles.
A
pretensão aqui não é fazer a exegese do texto de Provérbios 6.16-19, far-se-á,
apenas, um rápido esclarecimento sobre o que cada um significa. Também,
pretende mostrar que esses pecados, muitas vezes, intocáveis prejudicam e
destroem a comunhão e relacionamentos da comunidade cristã. E, se as pessoas
estão dispostas a amarem tanto estes pecados ao ponto de cometê-los, mesmo que
isso signifique pecar contra Deus e, sabendo também os sentimentos de Deus por
esses pecados, significa que construíram ídolos para si dentro dos seus
corações e os amaram mais. Esse são amores concorrentes, pois apesar de dizerem
que amam a Deus, amam também o que Deus odeia.
5.1 Olhar
Altivo
O olhar
altivo, também, é conhecido como “olhar orgulhoso”, que é uma característica
própria de uma pessoa arrogante (Sl 5:5). Normalmente pessoas assim acham que
são superiores às outras. “O orgulho é o pecado que, acima de todos os outros,
bloqueia nossa capacidade de solucionar conflitos com outas pessoas” (PRIOLO,
2016, 27). O orgulho é desobediência ao que prescreve a Palavra de Deus em
Romanos 12:3-8.
A
prática do pecado do “olhar altivo” pode levar ao “orgulho do moralismo, o
orgulho da doutrina correta, o orgulho das realizações e o orgulho do espírito
independente” (BRIDGES, 2012, p.85). A Bíblia diz que “Deus resiste ao soberbo,
mas dá graças aos humildes” (Tg 4:6-10). E quando se alimenta mais ao seu
estado de orgulho e arrogância, demonstra mais amor para com sua atitude errada
e menos amor para com o que Deus adverte. Infelizmente, essa é uma atitude bem
comum entre o povo de Deus.
5.2
Língua Mentirosa
Vários são os pecados cometidos pela língua
tais como fofoca, insultos, grosserias, difamações, enfim, “qualquer conversa
que humilhe alguém – seja a pessoa de quem ou com quem estamos falando – é
pecado da língua” (BRIDGES, 2012, p.153). E nesta lista, também, está a
mentira.
O conceito de mentira é “Afirmar aquilo que
se sabe ser falso, ou negar o que se sabe ser verdadeiro”.[2] Quem tem língua mentirosa não escolhe
lugar ou tempo para mentir. Não consegue controlar o impulso de mentir. Perde a
confiança das pessoas e desagrada a Deus, pois escolhe viver nesta prática em
vez de obedecer ao que Deus ordena (Ef 4:25).
Quando alguém escolhe a prática da
mentira ela está trabalhando para minar a confiança de uns para com outros
membros da igreja. Esse alguém provoca desentendimento, desunião, joga uns
contra outros, destrói a reputação dos irmãos e provoca outros males no meio da
congregação cristã. A advertência bíblica é, “Por isso renunciai à mentira.
Fale cada um a seu próximo a verdade, pois somos membros uns dos outros” (Ef
4:25). Apocalipse mostra o final do mentiroso: ficarão fora da Cidade Santa, a
Nova Jerusalém os que amam e praticam a mentira (Ap 21.8; 22.15).
5.3
Mãos que Derramam Sangue Inocente
Uma
das coisas que Deus aborrece é a violência. Em 1 João 3:15a diz: “Quem odeia
seu irmão é assassino dele”. Talvez alguém nunca tenha matado, literalmente,
alguém. Mas, esta referência mostra que no coração do odioso já matou o objeto
do seu ódio. O ódio é inimizade,
hostilidade, antipatia, rancor, aversão, forte repugnância, ojeriza.
Sentimentos que, se não controlados, podem até matar, literalmente.
A Bíblia está cheia de recomendação para
se evitar isto (Mt 5:43-46; Hb 10:30,31).
Em Romanos 12:17-21, o Senhor adverte que a ira e a vingança contra os
que fazem mal ao seu povo, são de sua responsabilidade.
5.4
Coração
que Trama Planos Perversos
O
coração na Bíblia é considerado como o centro
do intelecto (Pv 6:18); o centro
das emoções (Dt 6:5) e o centro
da vontade (1 Cr 22:19). Isto
significa que uma pessoa pode usar seu intelecto para planejar o mal ou o bem
contra alguém. Significa que pode amar ou odiar as pessoas e que pode decidir
se querer fazer o bem ou o mal para elas.
Pensamentos
beligerantes em relação a má-querências é um tipo de “maquinação do mal” contra
elas. Às vezes, nunca são ditas ou feitas realmente, mas não significa que não
sejam “planos perversos”. Se não renunciar esta prática, um dia elas poderão se
realizar. Afinal, tudo começa na mente. FITZPATRICH (2017, p.128), diz que
“Precisamos aprender a deixar de lado os deuses de nossa imaginação, deuses que
prometem felicidade em troca de nossa adoração”.
A
Bíblia ensina como fugir desta prática: Não fazer amizade com o iracundo para
não aprender isso com ele (Pv 22:24-25); perdoar o ofensor (Ef 4:31-31); guardar
o coração desses sentimentos vingativos (Pv 4:23).
5.5 Pés
que se Apressam para Fazer o Mal
Provérbios aqui trata de um apressar-se
para fazer o mal contra alguém e não de uma pressa em busca do bem estar
familiar ou de outras pessoas. São pessoas que só se aquietam depois que
prejudicam o próximo. Este é o seu combustível para continuar vivas. São
capazes de fazer qualquer maldade só para ferir sua má-querência. Mas, o Senhor
diz que odeia estes pés. Quando o coração trama planos perversos contra alguém,
em seguida os pés se apressam para materializar tais planos. A Bíblia diz que
estes pés “conduzem à morte” (Pv 14:12); “Sua memória será apagada da terra (Sl
34:16); “Sua maldade se voltará contra ele” (Sl 7:14,16).
Esta
deveria ser uma prática só dos ímpios, pois é sua natureza. Mas, infelizmente,
existem no meio cristão “irmãos” que sempre estão apressando seus pés para fazer
mal contra o próximo. A recomendação bíblica é não seguir a vereda dos que
procedem assim (Pv 1:15,16). Insistir em se apressar para fazer o mal é trazer
sobre si mesmo o mal. Pois, “Tudo quanto quereis que os homens vos façam, fazei
vós também a eles” (Mt 7:12). A maldade sempre acha um jeito de se voltar
contra o próprio praticante do mal.
5.6
Testemunha Falsa que profere Mentira
Falso
significa hipócrita, mentiroso, enganador,
fraudulento, traidor, desleal entre outros. Testemunho é o relato feito por uma pessoa que viu ou ouviu algo. Falso Testemunho é distorcer este
relato de forma mentirosa, visando prejudicar alguém. A Bíblia diz que a testemunha
falsa não ficará impune (Pv 19:5, NVI). Muitos são os motivos que levam uma
pessoa a proferir um falso testemunho. Aqui serão apresentados apenas dois.
O primeiro é o suborno,
que é considerado crime pelo Código Penal Brasileiro e pela Bíblia. Ela diz que
“Maldito é quem aceitar suborno” (Dt 27:25). Alguns tipos de suborno: dinheiro,
presentes, cargo, favores, promessas que muitas vezes nunca se cumprem.
A outra razão são os
motivos egoístas. Este tipo de pessoa não se importa em distorcer os fatos ou
dá falso testemunho com o objetivo de jogar pessoas contra pessoas, numa
tentativa de ser aceita por pessoas ou ganhar coisas delas. Esta pessoa é capaz
de mudar a opinião de alguém sobre alguém para atingir seus intentos.
O falso testemunho (Êx 20:16) é uma das ordens
prescritas nos 10 Mandamentos. Mas, é um dos pecados mais comuns entre o povo
de Deus. O falso testemunho e mentira no meio cristão tem sida a causa de
muitas quebras de comunhão entre os irmãos e destruição de ministério de
obreiros.
A recomendação bíblica é para não viver
como os gentios, mas como filhos de Deus (Ef 4:17-24). Em Efésios 4.29 diz para
não falar nada que destrua o próximo, mas só o que puder edifica-lo. BRIDGES
(2012, p.154) faz uma pergunta orientadora: “O que vou dizer irá destruir ou edificar
a pessoa sobre quem falarei?”
5.7
Semear Contendas Entre Irmãos
A
sétima coisa descrita neste texto mostra que Deus a abomina. Abominar significa
“Sentir
horror em relação a algo ou alguém; repelir com intensidade; detestar”.[3] Qual pecado Deus
sente horror, repele com intensidade? O semear contendas entre os irmãos.
Semear contenda entre os irmãos é falar
ou fazer qualquer coisa que venha pôr um irmão contra o outro. Quando se fala
mal de um irmão para outro, sem perceber, está semeando contenda entre eles. Pois,
a fala má poderá despertar desconfiança, decepção ou mesmo discórdia entre
eles.
Pessoas que falam mal de pessoas são
arrogantes. Pensam que são superiores ou melhores. Na verdade, amam o pecado
chamado maledicência, aliás abominável a Deus. Estas são pessoas inseguras que
acham que maculando a imagem do próximo, serão consideradas como diferentes deles.
Na verdade, só mascaram sua inferioridade e incompetência. Talvez o que motivou
a maledicência foi outro pecado, “o amor ao pecado” (Pv 17:19).
Se alguém diz que ama a Deus, então deve
detestar o que Ele detesta. Ele diz em João 14:15,23: “Se alguém me ama
obedecerá às minhas Palavras”. E uma das advertências de Deus é: “Busca a paz e
empenha-te por alcançá-la” (1 Pe 3:11);
Todos estes pecados descritos em Provérbios
6.16-19 podem ser aceitáveis aos olhos da comunidade cristã, mas jamais serão
agradáveis ao olhos e ouvidos de Deus. Por traz de cada uma destas práticas existe
um coração que ama mais o pecado do que a Deus. É um coração idólatra. Estes pecados
se constituem amores concorrentes. Portanto, a escolha precisa ser feira:
ou obedece aos apelos de um coração pecador sem compromisso com Deus, ou
obedece ao que está prescrito em Sua Palavra. Ou ama o que Deus ama, ou ama o que
Deus abomina.
7
Considerações Finais
A idolatria não acontece apenas quando a pessoa faz para si
uma imagem de escultura e se prostra diante dela. O ídolo pode ser uma
escultura com status de divindade, ou pode ser pessoas, coisas, bens,
relacionamentos, beleza, como também os pecados descritos em Provérbios
6.16-19. Deus aborrece e abomina todos eles. O que se percebe é que esses são
pecados difíceis de serem destruídos ou porque os praticantes nem os reconhecem
mais como pecados, ou por amarem de mais essas práticas. Não importa qual seja
o amor que esteja concorrendo com o amor que deveria ser destinado somente para
Deus. Isso é idolatria.
A
constante prática dos pecados descritos em Provérbios 6.16-19 no seio da
comunidade cristã tem sido um empecilho para se experimentar e praticar o amor mútuo
que procede de Deus, causando uma disfunção na comunhão. O Salmo 133.3 diz que
onde há comunhão Deus ordena a bênção. Se estes pecados aqui estudados provocam
a quebra de comunhão entre irmãos, então não há ali as bênçãos do Senhor. E
isso, consequentemente, causa prejuízo espiritual para toda a igreja que os
pratica.
Em Ezequiel 14.6 Deus dar uma ordem aos
israelitas: “Arrependa-se, desvie-se dos seus ídolos e renuncie a todas as
práticas detestáveis”. Esta mesma ordem se estende aos seus filhos nos dias
hodiernos. O não cumprimento implicará em consequências desastrosas para aquele
que insiste em querer dividir sua adoração entre Deus e os deuses. Deus não
aceitará concorrência.
Amando o que Deus ama e odiando o que Deus
odeia, o homem estará no caminho certo para o livramento de sua escravidão da
idolatria do seu coração e acabar com a indecisão sobre quem mais amar. Se a
Deus ou aos ídolos do coração. Essa concorrência, com certeza, acabará e a
decisão será tomada ou para um lado ou para outro. Se os salvos não estão
dispostos a sentirem o mesmo sentimento que Deus sente em relação ao pecado,
então eles já fizeram sua opção.
COMPETITIVE LOVES: Or you love what God loves, or you love
what God hates
This
article talks about the idolatry practiced in the heart of the evangelical
church, not through idols made by human hands, but through sinful behaviors
that damage the relationship between brothers and sisters in Christ. They are
competing loves that the saved in Christ needs to define who to love. Or you
love what God loves, or you love what God hates. This article also intends to
show how the practice of “this kind of love” described in Proverbs 6.16-19 has
harmed the spiritual development of the church. It will conclude by showing
that there are idolatrous practices in the heart of the church through these
bad behaviors that are difficult to destroy, mainly because the church gives
too much emphasis on talking about and punishing only sins related to sexual
issues, tolerating pride, lying, hatred , falsehood, slander and many others as
normal behavior.
Keywords:
idolatry in the church, competing loves, spiritual development.
8 Bibliografia
Consultada
Abominação: https://conceito.de/abominacao
BEALE,
G.K. Você é aquilo que adora: uma teologia bíblica da idolatria. São
Paulo: Vida Nova, 2014.
BRIDGES,
Jerry. Pecados intocáveis. São Paulo: Vida Nova, 2012.
FITZPATRICK,
Elyse. Ídolos do coração: aprendendo a desejar somente Deus. São
Paulo: Vida Nova, 2017.
Ídolo.
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Ddolo
KELLER, Timothy. Deuses
Falsos: as promessas vazias do dinheiro, sexo e poder, e a única esperança
que realmente importa. São Paulo: Vida Nova, 2018.
Mentira. http://faculdadelasalle.edu.br/eticaprofissionalecidadania/etica-da-mentira/
PRIOLO,
Lou. Resolução de conflitos: uma compreensão bíblica e suas implicações
para a dinâmica dos relacionamentos. São Paulo: NUTRA Publicações, 2016.
TRIPP,
Paul David. Instrumentos nas mãos do redentor: pessoas que precisam ser
transformadas ajudando pessoas que precisam de transformação. São Paulo: NUTRA
Publicações. 2018.
[1] Professora e Coordenadora Acadêmica do Seminário Cristão Evangélico do
Norte, Mestre em Missões com ênfase em Crescimento de Igreja pela Faculdade Sul
Americana, Especialista em Educação Cristã pela Faculdade Teológica de
Brasília, Especialista em Psicopedagogia pela Faculdade Santa Fé, Graduada em
Pedagogia pela UEMA e graduada em Teologia pelo Seminário Cristão Evangélico do
Norte.
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