quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

 6º Devocional em Provérbios       


 Definindo Termos - Memorizar a Palavra

 

Memorização – É decorar porções da Palavra. Ter porções da Bíblia memorizada será de grande ajuda em momentos de evangelização não programado; momentos de lutas espirituais; momentos de desânimo espiritual; em momentos de aconselhamento informal entre outros.

 É uma boa maneira de cumprir o que diz a Bíblia “Habite ricamente em vós a Palavra de Cristo.” (Cl 3:16).

Uma das partes essenciais para o crescimento cristão e comunhão com Deus é o período a sós com Ele através da leitura, estudo, meditação e memorização de sua Palavra. E não há substituto válido para isso.

SWINDOLL (2016, 70) diz que “A memorização prende as verdades de Deus à sua alma”. A Bíblia ordena: “Ata-os aos teus dedos, escreve-os na tábua do teu coração (Pv 7.3).

Não podemos viver a Palavra se ela não está entranhada em nossa mente. Nosso comportamento é comandado pelo que está em nossa mente. Se lá tem coisas boas, será assim nosso caminhar diário. O contrário também é verdadeiro.

Essas práticas devocionais como a leitura, o estudo, d meditação e a memorização da Palavra deverão nos levar a uma aplicação prática.

Inclina o teu ouvido e ouve as palavras dos sábios, e aplica o teu coração ao meu conhecimento. Porque te será agradável se as guardares no teu íntimo, se aplicares todas elas aos teus lábios” (Pv 22.17,18).




terça-feira, 1 de dezembro de 2020

 

5º Devocional em Provérbios  

                                                

 Definindo Termos - Meditar na Palavra

 

Como dito no devocional passado, antes de iniciarmos os devocionais em Provérbios, precisamos entender a diferença entre ler, estudar, meditar e memorizar a Bíblia. Qual a importância de cada uma destas etapas no processo de melhor aproveitamento do texto para nossa edificação?

 

Já vimos as etapas e a diferença entre ler e estudar a Palavra. Hoje veremos mais uma destas etapas.

 

Meditar na Palavra – O meditar inclui a leitura e o estudo da Palavra. Meditar significa refletir, falar consigo mesmo sobre o que o texto lhe diz pessoalmente.


“Quando lemos, ouvimos e estudamos a Palavra de Deus, nossa mente se torna um reservatório da verdade bíblica. Podemos então pensar, ponderar, personalizar e aplicar às nossas vidas essas verdades que escondemos em nosso coração” (SWINDOLL, 2016, 66).

No ato da meditação é bom ter papel e caneta para anotar as lições aprendidas. Cada um deve achar sua própria maneira, horário e local para isso. É o momento onde vamos falar com Deus e ouvir seus sábios conselhos através da Palavra.

Meditar na Palavra é que ela “penetre em nossas células, fale conosco, nos repreenda, nos advirta, nos console e nos transforme (Hb 4.12,13)” (SWINDOLL, 2016, 67).



 


 

domingo, 22 de novembro de 2020

Aconselhamento Bíblico

 

 

 


AMORES CONCORRENTES:

ou ama o que Deus ama, ou ama o que Deus abomina

 

Wohglaides Lobão Mendes[1]

 

Resumo

 

O presente artigo versa sobre a idolatria praticada no seio da igreja evangélica não através de ídolos feitos por mãos humanas, mas através de comportamentos pecaminosos que prejudicam o relacionamento entre irmãos. São amores concorrentes que o salvo precisa definir a quem amar. Se ama o que Deus ama, ou ama o que Deus abomina. Este artigo, também pretende mostrar como a prática de “amores” descritos em Provérbios 6.16-19 tem prejudicado o desenvolvimento espiritual da igreja. Será concluído mostrando que há práticas idólatras no seio da igreja através desses maus comportamentos que são difíceis de serem destruídos, principalmente porque a igreja dá muita ênfase em falar e punir apenas os pecados ligados às questões sexuais, tolerando o orgulho, a mentira, o ódio, a falsidade, a maledicência e muitos outros como um comportamento normal.

Palavras-chave: idolatria na igreja, amores concorrentes, desenvolvimento espiritual.

 


 

1 Introdução

O Antigo Testamento se refere a ídolos como sendo algo feito por mãos humanas (Sl 115.4). E em Êxodo 20.4, Deus ordena: “Não farás para ti nenhum ídolo”. No Novo Testamento Paulo fortalece essa ideia e, em 1 Coríntios 10, fala da vida dissoluta provocada pela idolatria de Israel diante do bezerro de ouro. Fala também das consequências advindas daquele comportamento. Então adverte aos cristãos para não caírem no mesmo erro.

O que é idolatria? Idolatria não é só se curvar diante de uma imagem feita à semelhança de um elemento da criação de Deus. A idolatria também pode ser prestada diante de pessoas, coisas, sentimentos que têm provocado a dependência, o amor excessivo ou confiança exagerada em relação a esse ídolo.

Quais as causas da idolatria?  “A idolatria está ligada ao amor – meu amor por Deus, por outros e pelo mundo” (FITZPATRICK, 2017, p.16). Ou a pessoa ama o que Deus ama e se mantem pura de qualquer adultério espiritual provocado pela traição a Deus, ou ela ama o que Deus abomina.

Nos dias atuais o que se percebe é que há um grande número de crentes que têm dificuldades para fazer diferença entre amar o que Deus ama ou amar o que Deus abomina. Em grande parte, isso se deve ao fato de que a igreja não tem falado a respeito desses assuntos. Antes, dá muita ênfase aos pecados sexuais. Com isso ela permite que outros pecados sejam tolerados na congregação, como por exemplo os descritos em Provérbios 6.16-19.

Como a prática dos “amores” descritos em Provérbios 6.16-19 tem prejudicado o desenvolvimento espiritual da igreja? Se há, constantemente, a prática desses pecados na vida da igreja, o amor de Deus não pode ali ser demonstrado, pois Deus aborrece e abomina tais pecados, então há prejuízo espiritual.

O que se pretende mostrar neste trabalho é que há práticas idólatras no seio da igreja que são difíceis de serem destruídas. Esclarecer sobre cada pecado descrito neste texto e apresentar os prejuízos que causam essas práticas na igreja do Senhor.  Para tanto será conceituado o termo idolatria; apresentar as causas da idolatria; mostrar como identificar os próprios ídolos; tomar como base Provérbios 6.16-19 para mostrar alguns amores concorrentes.

 

 

2 Conceituando Idolatria

Disse Deus: “Não terás outros deuses além de mim” (Êx 20.3). E “quando nos desviamos, ainda que minimamente, dessa norma, estamos criando outros deuses para nós e tiramos Deus do seu devido lugar” (BEALE, 2014, p.19). E isto é idolatria. A Wikipedia define ídolo como sendo “um objeto de adoração que representa materialmente uma entidade espiritual ou divina, e frequentemente é associado a ele poderes sobrenaturais”.

Idolatria é um culto que se presta a um ídolo, seja ele qual for. É dependência, amor extremoso e confiança em relação a esse ídolo. Roger Willians (2004, p.18), diz que “somos adoradores por natureza. Se não adoramos nosso criador, adoramos alguém ou algo que ele criou”.

Jeremias 10.3-5, descreve a confecção de um ídolo desde a escolha do material pelo seu fabricante até a demonstração de sua dependência da ação do homem para se manter em pé. Mas, enganado pelo diabo que lhe cega o entendimento, “há quem confie em ídolos porque crê que resultará em algum benefício, e teme o que poderá acontecer se não o fizer” (FITZPATRICK, 2017, p.130).

Mas, idolatria não é apenas adorar deuses feitos por mãos humanas. Existem outros deuses que são perniciosos e escravizam o homem tanto quanto os acima descritos. G. K. Beale (2014, p.16), citando Martinho Lutero conceitua idolatria como sendo “Tudo aquilo a que o seu coração se apega e se entrega com fé, isso é seu deus”.

Timothy Keller define ídolo como sendo “Qualquer coisa mais importante que Deus para você, que domine seu coração e sua imaginação mais do que a Deus. Qualquer coisa que você busque a fim de receber o que só Deus pode dar”. Pode ser qualquer coisa ou pessoa tais como familiares, bens, trabalho, status social, relacionamentos, reconhecimento, sucesso ministerial cristão, entre outros.

Idolatria é, portanto, tudo o que o coração se apega exageradamente, de forma fanática (daí o termo fã). Idolatria é tudo o que exige fidelidade, é tudo o que o homem adora, ama extremosamente diferente e em lugar do Deus verdadeiro. Por essa razão e sendo ele um “Deus zeloso” (Êx 20.5) é que ele não tolera a infidelidade.

Quando o homem adora outras coisas ou seres ele está sendo idólatra, consequentemente, sendo infiel a Deus. “Se o foco do nosso deleite estiver em qualquer outra coisa que não seja Deus, o objeto em que estamos focando é provavelmente um ídolo” (PRIOLO, 2016, 226).

 

3 Causas da Idolatria

À medida em que aumenta a confiança no coração do homem em relação à Deus, a necessidade de ter outros deuses em seu coração diminui. A idolatria nasce no coração do homem por causa de sua falta de gratidão e confiança em Deus e transfere isso para as coisas ou pessoas indevidas.

Elyse Fitzpatrick (2017, p.112), apresenta duas causas importantes deste desvio de gratidão e confiança. Ela diz que a “Ignorância da vontade de Deus e engano a respeito da natureza de Deus são duas importantes causas de idolatria”. Quem é Deus? Qual sua vontade? Se não houver a compreensão de quem Deus é e qual o desejo do Seu coração, ou se tiver uma compreensão equivocada sobre estas duas perguntas, o homem terá mais chance de fabricar os seus próprios ídolos.

O conhecimento da Palavra de Deus é “sine qua non” para uma compreensão correta sobre Deus e sua vontade. Em relação a esse tema Deus se apresenta e diz quem é: “Eu sou o SENHOR, o teu Deus”. E também, mostra qual sua vontade: “Não terás outros deuses além de mim. Não farás para ti nenhum ídolo” (Êx 20.2-4).

E para que haja uma compreensão correta é necessário a ajuda do Espírito Santo que “vos guiará em toda a verdade” (Jo 16.13). Necessita também de um estudo da Palavra regado a oração, pois Cristo mesmo disse: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo15.5). É Deus quem abre o entendimento do homem para compreender Sua Palavra, e através dela Ele se apresenta. Deus também abre o entendimento para que o homem compreenda “qual seja a boa, perfeita e agradável vontade” (Rm 12.2), para sua vida.

Na Bíblia tem ensinamentos necessários a respeito de quem é Deus e qual sua vontade para Seu povo. Somente quando o homem começar a ver Deus como Ele é e qual Sua vontade para sua vida ele será capaz de abandonar a idolatria, seja ela qual for, e começar a amar e cultuar somente ao Deus verdadeiro. A vontade de Deus para o Seu povo “é que nossas vidas sejam moldadas por nossa adoração a Ele e nada mais” (TRIP, 2009, 154).

KELLER, (2018, p.175), apud Agostinho, falando sobre uma das causas da idolatria diz que “pecados são cometidos quando, graças a uma ladainha imoderada em favor [...] dos bens menores, abandonamos o melhor e mais elevado bem que és tu, ó Senhor, nosso Deus e tua verdade e lei”.

 

4 Como Identificar os próprios Ídolos

 

A nação evangélica critica algumas religiões por serem idólatras, que confeccionam imagens, com as próprias mãos, com vários materiais diferentes e as adoram como seus deuses, na esperança de que eles satisfaçam suas necessidades, lhes proporcione prazer e felicidade, e lhes protejam. São ídolos que nasceram antes em suas mentes e necessidade de contato com o sagrado. FITZPATRICH (2017, p.127) diz que “Na realidade, antes de ser transformada em ídolo, a coisa foi fabricada no entendimento humano, na imaginação do idólatra [...]. O espírito humano gera a imagem idólatra; suas mãos a produzem”.

Mas, apesar de se dizerem não idólatras, muitos dos pertencentes à nação evangélica, criam seus deuses em suas mentes e acabam adorando-os. São deuses que eles esperam, lhes proporcionar alegria, felicidade, prazer, entre outros sentimentos. São ídolos difíceis de serem abandonados por que a falta deles pode causar a sensação de que não podem viver sem eles. Há uma paixão pelos seus ídolos que, normalmente, obscurece sua paixão por Deus. Há um amor maior pelos seus ídolos em detrimento do seu amor por Deus. KELLER (2018, p.174), diz que a idolatria “é a existência de algo que você sente que precisa ter a fim de ser feliz, algo mais importante para o seu coração do que o próprio Deus”.

Esses ídolos podem ser marido, esposa, filhos, carros, casa, saldo bancário, trabalho, joias, roupas, sapatos, fama, sucesso, aprovação de homens, reputação, poder sobre outros, ou tudo isso junto para auto glorificação. Podem ser ainda, grandes personalidades no meio evangélico, ou sua denominação, ou ainda, sua crença sobre alguma vertente teológica. KELLER (2018, p.141) diz que

A idolatria opera, em ampla escala, dentro das comunidades religiosas quando a verdade doutrinária é elevada à posição de um deus falso. Isso ocorre quando as pessoas depositam confiança na exatidão da própria doutrina para sua aceitação diante de Deus, e não no próprio Deus e em sua graça. É um erro sutil, mas fatal. [...] a confiança que depositam na exatidão das próprias convicções faz com que se sintam superiores.

 

Um outro ídolo que aparece muito no meio eclesiástico pode ser um ministério que alguém desenvolvem na igreja. Pessoas transformam seus dons espirituais e sucesso ministerial em deuses intocáveis. Essas atitudes ocupam o lugar de Deus em suas mentes e vidas. E isso é idolatria tanto quanto se prostrar em frente a um ídolo fabricado por mãos humanas. “O coração humano é mesmo uma fábrica de produção em série de ídolos” (KELLER, 2018, p.164). E isto é amar mais o que Deus odeia do que amar mais o que Ele ama.

Como todo ídolo começa no pensamento, alimentado pelo desejo de satisfação pessoal, é no pensamento que ele deve ser destruído antes que se materialize de alguma forma. Paulo diz para os filipenses (4.8) ocuparem seus pensamentos com o que é certo. Ter pensamentos ocupados com “coisas que são de cima, onde Cristo vive” (Cl 3.1), é a estratégia certa para a não fabricação de ídolos. FITZPATRICH (2017, p.128), diz que “Precisamos aprender a deixar de lado os deuses de nossa imaginação, deuses que prometem felicidade em troca de nossa adoração”.

A pergunta orientadora para se identificar os próprios ídolos é: posso viver sem isso e ainda ser feliz? Ou, o que eu estaria disposto a fazer, mas que desagrada a Deus, para conseguir o que quero? PRIOLO (2016, p.228) diz que “O teste mais rápido de desejos idólatras é sobre quão disposto eu estou a pecar contra Deus para conseguir o que quero (ou o que faço quando sou impedido a tê-lo)”. Está disposto a amar mais o que Deus odeia, do que amar o que Deus ama? Esse é um amor concorrente.

“Desde a Queda, o desejo fundamental da humanidade passou a ser o de glorificar a si mesma e ter prazer em si mesma, ao fazer aquilo que supostamente lhe trará felicidade” (FITZPATRICK, 2017, p.152). E isso não tem isentado o povo de Deus. Razão porque muitos têm falhado em sua vida cristã por seguirem deuses falsos escolhendo amar o que Deus odeia, em vez de demonstrar seu amor para com Deus através da obediência as instruções prescritas em Sua Palavra.

A vida do salvo em Cristo tem sido uma constante luta entre fazer o que agrada a Deus e os apelos da carne que quer ser satisfeita em sua necessidade de fazer o que for necessário para experimentar momentos de auto glorificação. E muitas vezes, por conta dos desejos ilícitos que obscurecem a sua mente e o coração, acaba por fazer a escolha errada e dar vitória para tais desejos.  PRIOLO (2016, p.226) diz mais que “A voz do coração é muitas vezes camuflada por seus próprios desejos ilícitos”. Por isso a necessidade de se manter “cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo” (2 Co 10.5). Com isso não haverá dúvidas quanto a escolher amar o que Deus ama.

 

5 Amores Concorrentes: ou ama o que Deus ama ou ama o que Deus abomina

Em Provérbios 6.16-19 o Sábio mostra sete comportamentos errados adotados por muitos salvos como se fossem práticas normais em sua vida. Estas práticas servem aos intentos perversos do diabo de leva-los à desobediência a Deus de tal forma a provocar discórdias e até destruição da comunhão cristã entre irmãos. Deus aborrece seis e abomina o sétimo destes pecados. É isso o que Deus sente quando seus filhos se rendem diante deles.

A pretensão aqui não é fazer a exegese do texto de Provérbios 6.16-19, far-se-á, apenas, um rápido esclarecimento sobre o que cada um significa. Também, pretende mostrar que esses pecados, muitas vezes, intocáveis prejudicam e destroem a comunhão e relacionamentos da comunidade cristã. E, se as pessoas estão dispostas a amarem tanto estes pecados ao ponto de cometê-los, mesmo que isso signifique pecar contra Deus e, sabendo também os sentimentos de Deus por esses pecados, significa que construíram ídolos para si dentro dos seus corações e os amaram mais. Esse são amores concorrentes, pois apesar de dizerem que amam a Deus, amam também o que Deus odeia.

 

5.1     Olhar Altivo

O olhar altivo, também, é conhecido como “olhar orgulhoso”, que é uma característica própria de uma pessoa arrogante (Sl 5:5). Normalmente pessoas assim acham que são superiores às outras. “O orgulho é o pecado que, acima de todos os outros, bloqueia nossa capacidade de solucionar conflitos com outas pessoas” (PRIOLO, 2016, 27). O orgulho é desobediência ao que prescreve a Palavra de Deus em Romanos 12:3-8. 

A prática do pecado do “olhar altivo” pode levar ao “orgulho do moralismo, o orgulho da doutrina correta, o orgulho das realizações e o orgulho do espírito independente” (BRIDGES, 2012, p.85). A Bíblia diz que “Deus resiste ao soberbo, mas dá graças aos humildes” (Tg 4:6-10). E quando se alimenta mais ao seu estado de orgulho e arrogância, demonstra mais amor para com sua atitude errada e menos amor para com o que Deus adverte. Infelizmente, essa é uma atitude bem comum entre o povo de Deus.

 

5.2     Língua Mentirosa

Vários são os pecados cometidos pela língua tais como fofoca, insultos, grosserias, difamações, enfim, “qualquer conversa que humilhe alguém – seja a pessoa de quem ou com quem estamos falando – é pecado da língua” (BRIDGES, 2012, p.153). E nesta lista, também, está a mentira.

O conceito de mentira é “Afirmar aquilo que se sabe ser falso, ou negar o que se sabe ser verdadeiro”.[2] Quem tem língua mentirosa não escolhe lugar ou tempo para mentir. Não consegue controlar o impulso de mentir. Perde a confiança das pessoas e desagrada a Deus, pois escolhe viver nesta prática em vez de obedecer ao que Deus ordena (Ef 4:25).

Quando alguém escolhe a prática da mentira ela está trabalhando para minar a confiança de uns para com outros membros da igreja. Esse alguém provoca desentendimento, desunião, joga uns contra outros, destrói a reputação dos irmãos e provoca outros males no meio da congregação cristã. A advertência bíblica é, “Por isso renunciai à mentira. Fale cada um a seu próximo a verdade, pois somos membros uns dos outros” (Ef 4:25). Apocalipse mostra o final do mentiroso: ficarão fora da Cidade Santa, a Nova Jerusalém os que amam e praticam a mentira (Ap 21.8; 22.15).

 

5.3     Mãos que Derramam Sangue Inocente

Uma das coisas que Deus aborrece é a violência. Em 1 João 3:15a diz: “Quem odeia seu irmão é assassino dele”. Talvez alguém nunca tenha matado, literalmente, alguém. Mas, esta referência mostra que no coração do odioso já matou o objeto do seu ódio. O ódio é inimizade, hostilidade, antipatia, rancor, aversão, forte repugnância, ojeriza. Sentimentos que, se não controlados, podem até matar, literalmente.

A Bíblia está cheia de recomendação para se evitar isto (Mt 5:43-46; Hb 10:30,31).  Em Romanos 12:17-21, o Senhor adverte que a ira e a vingança contra os que fazem mal ao seu povo, são de sua responsabilidade.

 

 

5.4      Coração que Trama Planos Perversos

O coração na Bíblia é considerado como o centro do intelecto (Pv 6:18); o centro das emoções (Dt 6:5) e o centro da vontade (1 Cr 22:19).  Isto significa que uma pessoa pode usar seu intelecto para planejar o mal ou o bem contra alguém. Significa que pode amar ou odiar as pessoas e que pode decidir se querer fazer o bem ou o mal para elas.

Pensamentos beligerantes em relação a má-querências é um tipo de “maquinação do mal” contra elas. Às vezes, nunca são ditas ou feitas realmente, mas não significa que não sejam “planos perversos”. Se não renunciar esta prática, um dia elas poderão se realizar. Afinal, tudo começa na mente. FITZPATRICH (2017, p.128), diz que “Precisamos aprender a deixar de lado os deuses de nossa imaginação, deuses que prometem felicidade em troca de nossa adoração”.

 A Bíblia ensina como fugir desta prática: Não fazer amizade com o iracundo para não aprender isso com ele (Pv 22:24-25); perdoar o ofensor (Ef 4:31-31); guardar o coração desses sentimentos vingativos (Pv 4:23).

 

5.5     Pés que se Apressam para Fazer o Mal

Provérbios aqui trata de um apressar-se para fazer o mal contra alguém e não de uma pressa em busca do bem estar familiar ou de outras pessoas. São pessoas que só se aquietam depois que prejudicam o próximo. Este é o seu combustível para continuar vivas. São capazes de fazer qualquer maldade só para ferir sua má-querência. Mas, o Senhor diz que odeia estes pés. Quando o coração trama planos perversos contra alguém, em seguida os pés se apressam para materializar tais planos. A Bíblia diz que estes pés “conduzem à morte” (Pv 14:12); “Sua memória será apagada da terra (Sl 34:16); “Sua maldade se voltará contra ele” (Sl 7:14,16).

Esta deveria ser uma prática só dos ímpios, pois é sua natureza. Mas, infelizmente, existem no meio cristão “irmãos” que sempre estão apressando seus pés para fazer mal contra o próximo. A recomendação bíblica é não seguir a vereda dos que procedem assim (Pv 1:15,16). Insistir em se apressar para fazer o mal é trazer sobre si mesmo o mal. Pois, “Tudo quanto quereis que os homens vos façam, fazei vós também a eles” (Mt 7:12). A maldade sempre acha um jeito de se voltar contra o próprio praticante do mal.

 

5.6     Testemunha Falsa que profere Mentira

Falso significa hipócrita, mentiroso, enganador, fraudulento, traidor, desleal entre outros. Testemunho é o relato feito por uma pessoa que viu ou ouviu algo. Falso Testemunho é distorcer este relato de forma mentirosa, visando prejudicar alguém. A Bíblia diz que a testemunha falsa não ficará impune (Pv 19:5, NVI). Muitos são os motivos que levam uma pessoa a proferir um falso testemunho. Aqui serão apresentados apenas dois.

O primeiro é o suborno, que é considerado crime pelo Código Penal Brasileiro e pela Bíblia. Ela diz que “Maldito é quem aceitar suborno” (Dt 27:25). Alguns tipos de suborno: dinheiro, presentes, cargo, favores, promessas que muitas vezes nunca se cumprem.

A outra razão são os motivos egoístas. Este tipo de pessoa não se importa em distorcer os fatos ou dá falso testemunho com o objetivo de jogar pessoas contra pessoas, numa tentativa de ser aceita por pessoas ou ganhar coisas delas. Esta pessoa é capaz de mudar a opinião de alguém sobre alguém para atingir seus intentos.

O falso testemunho (Êx 20:16) é uma das ordens prescritas nos 10 Mandamentos. Mas, é um dos pecados mais comuns entre o povo de Deus. O falso testemunho e mentira no meio cristão tem sida a causa de muitas quebras de comunhão entre os irmãos e destruição de ministério de obreiros.

A recomendação bíblica é para não viver como os gentios, mas como filhos de Deus (Ef 4:17-24). Em Efésios 4.29 diz para não falar nada que destrua o próximo, mas só o que puder edifica-lo. BRIDGES (2012, p.154) faz uma pergunta orientadora: “O que vou dizer irá destruir ou edificar a pessoa sobre quem falarei?”

 

5.7     Semear Contendas Entre Irmãos

A sétima coisa descrita neste texto mostra que Deus a abomina. Abominar significa “Sentir horror em relação a algo ou alguém; repelir com intensidade; detestar”.[3] Qual pecado Deus sente horror, repele com intensidade? O semear contendas entre os irmãos.

Semear contenda entre os irmãos é falar ou fazer qualquer coisa que venha pôr um irmão contra o outro. Quando se fala mal de um irmão para outro, sem perceber, está semeando contenda entre eles. Pois, a fala má poderá despertar desconfiança, decepção ou mesmo discórdia entre eles.

Pessoas que falam mal de pessoas são arrogantes. Pensam que são superiores ou melhores. Na verdade, amam o pecado chamado maledicência, aliás abominável a Deus. Estas são pessoas inseguras que acham que maculando a imagem do próximo, serão consideradas como diferentes deles. Na verdade, só mascaram sua inferioridade e incompetência. Talvez o que motivou a maledicência foi outro pecado, “o amor ao pecado” (Pv 17:19).

Se alguém diz que ama a Deus, então deve detestar o que Ele detesta. Ele diz em João 14:15,23: “Se alguém me ama obedecerá às minhas Palavras”. E uma das advertências de Deus é: “Busca a paz e empenha-te por alcançá-la” (1 Pe 3:11);

Todos estes pecados descritos em Provérbios 6.16-19 podem ser aceitáveis aos olhos da comunidade cristã, mas jamais serão agradáveis ao olhos e ouvidos de Deus. Por traz de cada uma destas práticas existe um coração que ama mais o pecado do que a Deus. É um coração idólatra. Estes pecados se constituem amores concorrentes. Portanto, a escolha precisa ser feira: ou obedece aos apelos de um coração pecador sem compromisso com Deus, ou obedece ao que está prescrito em Sua  Palavra. Ou ama o que Deus ama, ou ama o que Deus abomina.

 

7 Considerações Finais

 

A idolatria não acontece apenas quando a pessoa faz para si uma imagem de escultura e se prostra diante dela. O ídolo pode ser uma escultura com status de divindade, ou pode ser pessoas, coisas, bens, relacionamentos, beleza, como também os pecados descritos em Provérbios 6.16-19. Deus aborrece e abomina todos eles. O que se percebe é que esses são pecados difíceis de serem destruídos ou porque os praticantes nem os reconhecem mais como pecados, ou por amarem de mais essas práticas. Não importa qual seja o amor que esteja concorrendo com o amor que deveria ser destinado somente para Deus. Isso é idolatria.

A constante prática dos pecados descritos em Provérbios 6.16-19 no seio da comunidade cristã tem sido um empecilho para se experimentar e praticar o amor mútuo que procede de Deus, causando uma disfunção na comunhão. O Salmo 133.3 diz que onde há comunhão Deus ordena a bênção. Se estes pecados aqui estudados provocam a quebra de comunhão entre irmãos, então não há ali as bênçãos do Senhor. E isso, consequentemente, causa prejuízo espiritual para toda a igreja que os pratica.

Em Ezequiel 14.6 Deus dar uma ordem aos israelitas: “Arrependa-se, desvie-se dos seus ídolos e renuncie a todas as práticas detestáveis”. Esta mesma ordem se estende aos seus filhos nos dias hodiernos. O não cumprimento implicará em consequências desastrosas para aquele que insiste em querer dividir sua adoração entre Deus e os deuses. Deus não aceitará concorrência.

Amando o que Deus ama e odiando o que Deus odeia, o homem estará no caminho certo para o livramento de sua escravidão da idolatria do seu coração e acabar com a indecisão sobre quem mais amar. Se a Deus ou aos ídolos do coração. Essa concorrência, com certeza, acabará e a decisão será tomada ou para um lado ou para outro. Se os salvos não estão dispostos a sentirem o mesmo sentimento que Deus sente em relação ao pecado, então eles já fizeram sua opção.

 

COMPETITIVE LOVES: Or you love what God loves, or you love what God hates

 

This article talks about the idolatry practiced in the heart of the evangelical church, not through idols made by human hands, but through sinful behaviors that damage the relationship between brothers and sisters in Christ. They are competing loves that the saved in Christ needs to define who to love. Or you love what God loves, or you love what God hates. This article also intends to show how the practice of “this kind of love” described in Proverbs 6.16-19 has harmed the spiritual development of the church. It will conclude by showing that there are idolatrous practices in the heart of the church through these bad behaviors that are difficult to destroy, mainly because the church gives too much emphasis on talking about and punishing only sins related to sexual issues, tolerating pride, lying, hatred , falsehood, slander and many others as normal behavior.

 

Keywords: idolatry in the church, competing loves, spiritual development.


 8 Bibliografia Consultada

 

Abominação: https://conceito.de/abominacao

BEALE, G.K. Você é aquilo que adora: uma teologia bíblica da idolatria. São Paulo: Vida Nova, 2014.

BRIDGES, Jerry. Pecados intocáveis. São Paulo: Vida Nova, 2012.

FITZPATRICK, Elyse. Ídolos do coração: aprendendo a desejar somente Deus. São Paulo: Vida Nova, 2017.

Ídolo. https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Ddolo

KELLER, Timothy. Deuses Falsos: as promessas vazias do dinheiro, sexo e poder, e a única esperança que realmente importa. São Paulo: Vida Nova, 2018.

Mentira. http://faculdadelasalle.edu.br/eticaprofissionalecidadania/etica-da-mentira/

PRIOLO, Lou. Resolução de conflitos: uma compreensão bíblica e suas implicações para a dinâmica dos relacionamentos. São Paulo: NUTRA Publicações, 2016.

TRIPP, Paul David. Instrumentos nas mãos do redentor: pessoas que precisam ser transformadas ajudando pessoas que precisam de transformação. São Paulo: NUTRA Publicações. 2018.

 

 

 

 



[1] Professora e Coordenadora Acadêmica do Seminário Cristão Evangélico do Norte, Mestre em Missões com ênfase em Crescimento de Igreja pela Faculdade Sul Americana, Especialista em Educação Cristã pela Faculdade Teológica de Brasília, Especialista em Psicopedagogia pela Faculdade Santa Fé, Graduada em Pedagogia pela UEMA e graduada em Teologia pelo Seminário Cristão Evangélico do Norte.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019


DEVOCIONAL EM PROVÉRBIOS



4º Devocional – Diário Devocional – 2ª Parte

No devocional passado mostramos algumas observações que Tim LaHaye[1] faz para se tirar o máximo de proveito deste tempo.

Ler diariamente a Palavra, a importância de se definir um tempo, mesmo que seja inicialmente de 30 minutos, escolher um local definido e tranquilo ser distratores e ler a Bíblia com um caderno e lápis na mão para as anotações.

Hoje mostraremos mais duas observações em como potencializar este momento. Também será apresentado um modelo de como fazer nosso devocional.

1.    Ler a Bíblia Devocionalmente - pedir ao Senhor uma mensagem para o dia; lê-la em oração; procurar não interpretar um versículo isolado sem verificar seu contexto. Se possível veja outras versões da Bíblia e bons comentários do texto escolhido.

2.     Escrever um Diário da Vida Devocional. O que conter neste Diário?

a)    Qual a mensagem de Deus para mim? - Uma exortação, um conselho, uma ordem, etc
b)   Qual a promessa de Deus para mim? - Ver quais as condições exigidas. Nunca devemos reivindicar uma promessa de Deus se não estivermos dispostos a satisfazermos suas condições.
c)    Analisar-se à luz do texto – fazer uma auto avaliação para descobrir o que precisa ser mudado em nossa vida à luz do texto estudado.
d)   Como aplicar este texto em minha vida? - Procurar pôr em prática a mensagem de Deus para nossa vida.
e)    Orar sobre o que Deus nos falou -

Exemplo prático de como fazer. O que conter no Diário Devocional
Ø  Texto - 1 João 1:9
Ø  Mensagem de Deus - Confissão de pecados
Ø  Promessa – Perdão dos pecados e purificação de toda injustiça
Ø  Analisar-se à luz do texto – Quais os pecados que eu devo confessar?
Ø  Aplicação Pessoal – Eu vou confessar os meus pecados agora (elencar por nome cada um). Se não lembrar fazer a oração de Davi: “Sonda-me ó Deus e ver se há em mim algum caminho mau”.
Ø  Orar sobre o que Deus nos falou – bem pessoal ...


[1] LAHAY, Tim. Como Estudar a Bíblia Sozinho. Betânia. MG. 1979, p 21